segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Gabriel Leite



GABRIEL LEITE DE AMORIM  nasceu no dia 11 de setembro de 1926, no município de Martins/RN, era o filho mais velho de Almino Leite e Teresa Andrade. Trabalhou como agricultor com o pai e quando completou a maior idade mudou-se para  a cidade de Apodi/R e passou a trabalhar como sapateiro com o Sr. Francisco Alves.

Casou-se com Maria do Socorro Rodrigues com quem teve os seguintes filhos: Maria da Conceição Leite(Rosinha), João de Deus Leite, Marlete Rodrigues Leite, Valdir Rodrigues Leite(Briel), Valmir Rodrigues Leite, Odvanildo Rodrigues Leite(Rodrigues) e Valdemir Rodrigues Leite. 

Em 1952, mudou-se para Natal onde também trabalhava com sapateiro. Tinha uma inteligência ímpar, apesar de só ter cursado a 4ª série primária. Aprendeu em Natal a arte da fotografia e de operador de cinema trabalhando como ajudante de operador no Cine Rex.

Morou durante 9 anos em Natal e voltou para Apodi em 1961 já como fotógrafo profissional, foi o mais popular da época e também o mais irreverente. Gabriel Leite foi um dos mais antigos fotógrafos de Apodi, da época de  João de Maria Flor, por quem tinha muito apreço. 

Gabriel Leite deu também uma grande contribuição na cultura apodiense. Quando Pe. Pedro Neffs fundou o primeiro conjunto musical de Apodi – “Os Diamantes’’, chegou a ensaiar tocando como contrabaixo  da banda de música.

Gabriel foi sempre muito honesto, e quando sentiu suas dificuldades em conciliar a sua profissão de fotógrafo com a de músico, pediu para sair. Além disso, chegou a tocar requinta na Banda de Música da FUNDEVAP, na época com o nome de "Banda de Música Alex Maia".
   
Em 15 de novembro de 1976, Gabriel Leite saiu candidato a vereador na cidade de Apodi, pela legenda do antigo MDB - Movimento Democrático Brasileiro, entretanto não conseguiu se eleger.

Foi um dos melhores jogadores de damas, foi bandeirinha no futebol, animava os apodienses no cinema de  Seu Altino, o antigo "Cine Odeon", trabalhando como operador de cinema, ou seja passava filmes. Foi o primeiro a vender a Loteria Esportiva da Caixa, como também o primeiro a montar uma banca de revistas que funcionava no próprio ponto da foto. Chegou a trabalhar como fotógrafo por pouco tempo para o então Jornal "O Poti",  de Natal.

Gabriel Leite faleceu no dia 9 de janeiro de 1992  na cidade que ele escolheu para morar: Apodi. 

*Francisco Veríssimo - Blog Fatos de Apodi - Portal Fatos do RN 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

O político e o comerciante

*Por Válter de Brito Guerra


Com o assassinato do seu irmão Chico Pinto, por questões políticas, em maio de 1934, Lucas Pinto viu-se obrigado a assumir o comando do Partido Popular em Apodi, que fazia oposição ao Governo do Estado. Lucas Pinto assume a postura de chefe político e coronel, ao mesmo tempo, fortalecido pelo poder econômico, já ostentando um invejável patrimônio, senhor de muitos bens e muito dinheiro. E herdeiro político da família Pinto em Apodi. 

Chico Pinto era um chefe político de grande prestígio. Sua morte teve grande repercussão em todo o Rio Grande do Norte. Era voz corrente que havia um plano sinistro dos aliados do governo, com o objetivo de matar os principais chefes políticos da oposição. Chico Pinto estaria incluído na lista negra do abominável plano. 

Foi nesse clima de agitação, de crimes de morte, espancamentos e prisões ilegais, que o já Coronel Lucas Pinto assumiu, assustado, mas com a devida precaução, a direção do Partido Popular, substituindo seu irmão, assassinado traiçoeiramente em sua própria casa, o que não seria uma tarefa fácil. Enfrentar a fúria e a violência do coronel Benedito Saldanha naquela época, em Apodi, era uma parada extremamente perigosa. 

Disposto a lutar contra um governo ditatorial, o coronel Lucas Pinto não se intimidou diante do perigoso inimigo. 
Certa vez, foi chamado à presença do temível Benedito Saldanha, o forasteiro que para infelicidade do Apodi veio aportar nesta cidade. Queria o poderoso chefe que o Lucas Pinto comesse um pedaço de jornal, em que se encontrava escrito, um artigo alusivo ao senhor Saldanha, que atribuía ao coronel, a autoria do mesmo. Graças à interferência de pessoas, o diabólico plano não chegou a ser realizado. Livrando-se o coronel Lucas Pinto do humilhante castigo. 

Não obstante o clima de hostilidade que afrontava a todos, com ameaças de todo tipo, o coronel continuava trabalhando junto aos eleitores, insistentemente, conclamando-os a votarem no Partido Popular. Apoiado por muitos amigos, continuou enfrentando os maiores perigos, inclusive de morte. Aproximava-se a eleição para deputado estadual no Rio Grande do Norte. Os dias passavam. Perseguição e atos arbitrários eram armas usadas pelos simpatizantes do governo, que usavam também a policia para implantar o pânico e o terror, objetivando amedrontar o eleitor. 

O Coronel Lucas Pinto não esmorecia um só instante, lutando dia a noite como um herói. Para ganhar a eleição de 14 de outubro de 1934 e com isto, tentar expulsar de terras apodienses o intruso aventureiro Benedito Saldanha, que aterrorizava a pacata população de Apodi. 

A eleição para deputado foi bastante agitada. O Partido Popular saiu vitorioso no Estado do Rio Grande do Norte e em Apodi. Foi o grande e decisivo passo para a vitória final a eleição do Dr. Rafael Fernandes em 1935, para governador, pela Assembleia Legislativa. 

Conquistava o coronel Lucas Pinto sua primeira vitória eleitoral, à frente do Partido Popular, dando maioria em Apodi aos deputados da oposição. Muitas vitórias foram posteriormente conquistadas, graças ao vigoroso trabalho desenvolvido pelo novo chefe político, que durante quase trinta anos demonstrou grande habilidade na arte de fazer política. 

Lucas Pinto tornou-se, portanto, um político astuto e experiente. Conhecia, como ninguém, as manhas e estúcia do eleitor, sabendo desculpar habilmente, quando este exigia coisa que não podia ser atendida. Ao eleitor fiel ao partido, dava o apoio merecido, defendendo-o na hora precisa. Não perdoava adversário. Mas não concordava com agressões físicas contra opositores. Paternalista costumaz, fazia questão de distribuir pessoalmente ao eleitor, a infalível ajuda nas campanhas eleitorais, visitando sítios, fazendas e casas. Era ao mesmo tempo patrão, conselheiro, protetor e advogado do seu fiel eleitor, metendo-se em todas as questões que envolvessem correligionários, sempre defendendo-os. 

O Coronel Lucas venceu de 1934 a 1960 todas as eleições realizadas em Apodi, para todos os cargos, o legislativo e o executivo. Vereador, prefeito, deputado, senador, Presidente da República e Governador do Estado. O medo de perder eleição o apavorava. Por isso, desdobrava-se em cuidados para manter coeso o seu bloco eleitoral. 

Era tão grande a fama do prestígio político do Coronel Lucas Pinto na região do Apodi, que algumas lideranças(chefes) políticas de alguns municípios do Rio Grande do Norte, em eleição para governador, aguardavam a decisão do líder apodiense para depois tomarem suas decisões. Este é um registro que fazemos baseado em notícias que circulava na época. 

Assim continuava o Coronel Lucas Pinto vencendo eleições, sempre com expressivas maiorias. Na eleição de governador em 1960, saindo vencedor no Estado o candidato Aluisio Alves, Lucas Pinto obteve para o mesmo candidato uma maioria que ultrapassou os dois mil votos, quando o eleitorado de Apodi não chegava a dez mil eleitores. Nas concentrações políticas não faltava sua presença, mas nunca falou em público. Era homem de poucas letras. Entretanto, quando precisava se comunicar com autoridades ou políticos, por telegrama, ofício ou carta, fazia questão de ditar o texto a ser redigido. Não queria que alguém o fizesse sem a sua participação. Eu, que fui testemunha desses detalhes, achava que as palavras dele faziam sentido. 

O tempo nos traz vitórias, glórias e alegrias. Arrasta-nos, também, a derrotas e tristezas. Assim passamos a vida. Enfrentando as naturais dificuldades que se antepõem a nossa felicidade, nem sempre encontrada quando a procuramos. São inevitáveis, portanto, os momentos de insucesso, em que vemos desmoronar-se sonhos e esperanças. A existência humana é uma alternativa de acontecimentos. Ora bons, ora ruins, até o instante final de nossa trajetória aqui na terra... 
O Coronel Lucas Pinto experimentou, em vida, muitas vitórias. Como um herói venceu muitas batalhas, que lhe deram fama e o consagraram como um exemplo de coragem e persistência, tantas vezes comprovadas na busca dos seus objetivos e dos seus ideiais. 

A morte do seu irmão Chico Pinto parece que o retemperou para enfrentas as árduas e perigosas lutas eleitorais, em vez de abatê-lo. Seu objetivo era derrotar em Apodi o seu ferrenho inimigo, o poderoso chefe Benedito Saldanha e expulsá-lo do município, o que realmente conseguiu, com a vitória do Dr. Rafael Fernandes em 1935 para Governador do Estado.

Derrotas, frustrações e desenganos, tudo isso iria surpreender muito em breve o grande chefe político. E atacá-lo como faz o inimigo ao ferir suas vítimas, para destruí-las. Nem poder econômico, nem poder político puderam evitar a queda do poderoso líder do Apodi. 

Aproximava-se a eleição de 1962. Próximo estava também o acontecimento inevitável. A derrota do coronel Lucas Pinto. O dia 07 de outubro daquele ano, não deixa de ser uma data histórica para o Apodi. para o prestigioso político, a data representou um terrível pesadelo, um golpe traumatizante. Começava o esfacelamento do seu imenso poder político, conquistado com tanto sacrifico em batalhas memoráveis. Era o final da oligarquia da família Pinto. Estava eleito o candidato Izauro Camilo de Oliveira, saído do Partido Popular do coronel Lucas Pinto para enfrentá-lo numa luta desigual, na campnha do tostão contra o milhão. 

Descrever o estado do espírito do Coronel, face ao acontecimento, é tarefa difícil. Jamais passou pela sua cabeça perde uma eleição em Apodi. Realmente, sua atitude contra Felipe Guerra, anulando a criação do município, para mostrar sua força, magoando adversários e revoltando toda uma população, foi o principal motivo da derrota. Ganhou nas urnas de Apodi e perdeu nas de Felipe Guerra. Derrotado noutra eleição de prefeito, no dia 25 de novembro de 1968, perde o velho político qualquer chance de recuperação eleitoral. Admirado e odiado chega ao final de sua carreira política, marcada por períodos de glória, perigo e agitação. 

Inconformado com o quadro político, não resiste ao impacto do ostracismo. Frustrado e decepcionado, afasta-se dos amigos e dos negócios. Perturbado, tenta na bebida o refúgio para o seu profundo sentimento de frustração, para os seus males e sofrimentos. 

Deprimido, enclausura-se, e depois de longo e doloroso sofrimento morre no dia 6 de fevereiro de 1981, o mais prestigioso político de todos os tempos na região do Apodi, o Coronel Lucas Pinto. 

Fonte: Misturas de Frases e Palavras - Válter de Brito Guerra(1998).

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